Monte Kita 3.193 metros(foto:Kaoru Noda)Ano passado, estava a procura de mais uma montanha para ir, logo após subir o monte Fuji e fui dar uma olhada numa comunidade do Orkut, chamada Trekking Japan(na época, já que agora se chama Trekking Japão-Brasil, da qual me tornei co-proprietário) e vi que estava muito parado e sem muitos membros.
Foi então que resolvi agitar um pouco e postei que iria subir alguma montanha no feriado de agosto e que a escolhida era nada menos que o monte Kita(Kitadake) a segunda montanha mais alta do Japão, com seus 3.193 metros de altitude, perdendo em altura somente para o monte Fuji.
Em seguida, começou a vir respostas dos interessados, inclusive do dono da comunidade o Emerson, que gostaria de ir e levar o filho e amigo Jair,todos de Yamanashi para mais essa aventura.
Dias vão se passando e cada vez mais interessados em passar um feriado no alto da montanha e logo vieram respostas de adesão de vários membros, de várias províncias do Japão, como o Mario,Cassia, Simone, de Shizuoka, Edson e Regina de Aichi, Felipe de Gunma, Takeo de Gifu, já que daqui, íamos eu o parceiro Carlos, Jackson e sua namorada Cecília.
No decorrer dos dias, íamos nos comunicando e marcando o ponto de encontro com o pessoal todo, já que como éramos de regiões diferentes, tínhamos que estabelecer um lugar de encontro que fosse fácil de localizar por todos.
Tudo acertado e veio a resposta final dos que iriam mesmo e nessa, ja tínhamos duas baixas, que eram o filho do Emerson e o Takeo que se machucou, mas não tínhamos como adiar ou marcar para outro dia.
Chegado o dia, estavamos rumando pela madrugada até o ponto de encontro que foi a saída da rodovia expressa de Nirasaki, província de Yamanashi, duvidando que todos estariam no local, na hora marcada, mas para nossa surpresa, todos estavam lá, alguns chegando um pouco após a nossa chegada.
Cumprimentos, um café da manha(madrugada) na loja de convêniencia e partimos rumo a estação de Ashiyasu, para de lá pegar um ônibus que nos levaria até o começo da trilha de Hirogawara.
Para quem não sabe,muitos parques nacionais aqui, proíbem a entrada de automóveis particulares, para que tudo seja preservado ao máximo, por isso, os ônibus para nos transportar.
Chegamos a Hirogawara às seis da manhã e aproveitamos para verificar se tudo estava bem, conferir a trilha pelo mapa e ver se o tempo ajudava.
Tudo certo e la vai o pessoal, doze no total, para a mais divertida ascensão ao Kitadake.
Logo no início, aos vinte minutos, o Felipe desistiu de nos acompanhar, sentindo que não teria condições de chegar até o fim, da qual vi que foi uma atitude corajosa e também dolorosa, mas nos despedimos dele e seguimos em frente pela rota Shirane até a bifurcação Haponba/Kotaro rumo ao campo base Kitadake kata no koya que é um lodge,ja próximo ao pico do Kitadake.
A trilha, longa e cansativa é repleto de riachos de àguas limpidas, cachoeiras, flora, fauna e uma indescritível paisagem que os alpes do sul tem.
Como era feriado de agosto, estava cheio de montanhistas pelo caminho, o qual pela cultura do povo, costuma nos cumprimentar a todo tempo e nos dar palavras de ânimo para seguir em frente, muito bom isso.
Percorremos a trilha por aproximadamente seis horas e meia ate que avistamos o campo base, que para todos, foi um alívio, já que estávamos carregados com suprimentos, equipamentos e tudo mais, mas também estávamos com uma energia contagiante que fez com que chegássemos todos bem.
Chegada ao campo base e vislumbramos a visão do monte Kaikoma e Senjyou, muito próximo de nós e o imponente monte Kita a nossa frente.
Montamos as barracas e descansamos um pouco antes de subir até o topo do Kitadake, que estava próximo, cerca de quarenta minutos do campo base, mas mesmo a proximidade, não entusiasmou muito o pessoal a subir naquele mesmo dia, sendo que nesse dia só eu o Carlos,Jair e Emerson nos encorajamos a seguir até o topo.
Após quarenta minutos, lá estávamos, no topo da segunda montanha mais alta do Japão, vislumbrando o visual de várias montanhas ao redor, sua bela forma e uma fauna e flora de encher a alma e os olhos.
De volta ao campo base, acordamos os preguiçosos e fomos preparar o nosso jantar regado de cerveja e boa comida, entre conversas animadas, fotos e apreciação do visual ao redor, que fazia com que a refeição ficasse mais saborosa ainda.
Após a refeição,tomamos um café, chocolate quente,eu mais uma cerveja e ficamos conversando por horas até escurecer e ir para os aposentos cinco estrelas para uma noite de repouso merecido.
Não durou muito e o vento começou a castigar nossas barracas, foi quando acordei, já de madrugada, para conferir se todas os aposentos estavam em ordem e como vi que estava, voltei ao meu e aproveitei para comer uns biscoitos e apreciar uma lua cheia clareando toda a montanha, foi onde mesmo de noite, pude avistar o monte Fuji bem a minha frente.Que visual. mas como estava cansado, voltei a dormir.
Por volta de quatro horas, acordamos e ficamos esperando o nascer do sol, com um friozinho típico de montanha, em torno de zero graus.
Não demorou e o sol começou a dar sinal de vida junto ao mar de nuvens, que formava um cenário espetacular e seus tons avermelhados, que nos rendeu boas fotos para a recordação dessa aventura.
Terminado o espetáculo, tomamos o café da manhã reforçado e lá fui mais uma vez, para levar o pessoal que não se animou a ir no dia anterior para mais um belo visual do topo.
De volta, desmontamos tudo e começamos a fazer o trajeto de volta para casa, creio que a parte mais triste, já que apesar de termos reunido uma turma desconhecida, parecia que conhecíamos a anos, dado a solidariedade, amizade que alí se formou, o companheirismo e as boa risadas que demos durante o tempo todo.
Chegamos ao ponto de partida, após algumas horas e nos despedimos de cada um, prometendo fazer mais trilhas num futuro próximo.
Valeu mais essa montanha pessoal.
Obrigado a todos.
Texto e foto:Kaoru Noda